Aliança impulsionada pela Coca-Cola enfrenta desafio regional de ampliar acesso à água

Nos últimos anos, os setores privado e sem fins lucrativos têm promovido iniciativas que buscam desenvolver soluções inovadoras para incentivar o uso responsável e eficiente da água na América Latina, além de criar comunidades com maior acesso a fontes hídricas seguras. Um dos principais protagonistas tem sido a Coca-Cola na América Latina, com o apoio de sua fundação internacional, que liderou e financiou a criação da rede Aliados pela Água”. Essa iniciativa busca reunir especialistas, comunidades e organizações com o objetivo de fortalecer a gestão da água potável na região. A iniciativa começou em 2022 e já conta com mais de 30 projetos em 12 países latino-americanos. Ela trabalha em parceria com 26 organizações não governamentais e da sociedade civil, além de municípios e prestadores de serviços locais. A diretora de Sustentabilidade da Coca-Cola para a América Latina, Andrea Mota, afirmou à Agência EFE que a chave do “Aliados pela Água” está em “respeitar as necessidades locais, mas criando algum tipo de padrão e, sobretudo, promovendo o intercâmbio de práticas”.

Avanços e desafios

Um dos programas mais emblemáticos da iniciativa é o Escolas com Água”, realizado em colaboração com as empresas Isla Urbana e Rotoplas. Esse projeto, centrado no México, busca construir sistemas de captação de água da chuva em escolas do país e já conta com mais de 600 unidades instaladas. No caso do Brasil, Mota destacou um trabalho anterior que conta com o apoio do Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar) e da Fundação Global de Meio Ambiente e Tecnologia (GETF, na sigla em inglês). A iniciativa já chegou a 11 localidades e beneficiou 2.000 famílias, principalmente no nordeste do país. De forma semelhante, na Argentina, busca-se fornecer filtros de água potável e recipientes de armazenamento às instituições e famílias mais vulneráveis da comunidade de Salta, no norte do país. A ação ocorre em parceria com a Fundação Kamkunapa, que atua para garantir o acesso à água segura. Na Costa Rica, projetos de acesso à água estão em andamento nas localidades de Rancho Redondo e Cascajal, ambas na província de San José. O desafio é melhorar os sistemas de distribuição e abastecimento de água para beneficiar cerca de 3.000 pessoas. Ao mesmo tempo, Guatemala desenvolve iniciativas em pequenas comunidades indígenas. Mota destacou o apoio da Fundação Aliarse, além dos conselhos comunitários e das prefeituras locais. A coordenadora de projetos ambientais da Fundação Aliarse, María Paola Solano, explicou à EFE que trabalham com o sistema Coca-Cola e sua fundação desde 2009, quando o primeiro projeto foi lançado. Além do acesso à água potável, o foco também está no atendimento a emergências, coleta de água da chuva e iniciativas de reciclagem na região. A Fundação Aliarse atua com nove comunidades na Costa Rica, três na Guatemala, duas em Honduras e uma na Colômbia, onde está sendo instalada uma potabilizadora de água da chuva em um centro educacional da cidade de Leticia, capital do departamento do Amazonas. Mota ressaltou que um dos maiores desafios dessas iniciativas é a “complexidade da variedade” dos contextos hídricos, sociais e regulatórios da região.

Ampliação e Amazônia

Com isso em mente, o “Aliados pela Água” busca expandir projetos com comunidades indígenas na Amazônia desde o início deste ano. Apesar da abundância de fontes hídricas, os períodos de seca fazem com que o nível dos rios “baixe tanto que a água não chega”. Para enfrentar esse problema, a Coca-Cola e sua fundação trabalham em parceria com duas organizações brasileiras: a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Fundação Saúde e Alegria. Os principais focos são as condições das pessoas mais afetadas por esses fenômenos, já que a busca diária por água potável não só aumenta o risco de lesões como também envolve uma questão de dignidade. “Buscar água é uma tarefa geralmente realizada por mulheres, idosos e crianças. Em casos de seca extrema, precisam caminhar por horas para conseguir água potável e levá-la para casa”, disse à EFE Valcléia dos Santos Lima, superintendente de Desenvolvimento Comunitário Sustentável da FAS, com sede em Manaus. Parte fundamental do apoio a essas comunidades é a instalação de painéis solares para geração de energia, permitindo que a água seja bombeada até os povoados. “Enfrentamos um grande desafio diante das mudanças climáticas e da adaptação, tanto nas enchentes quanto nas secas, pois as comunidades ficam isoladas. Onde não há eletricidade, as pessoas também ficam sem água”, acrescentou Valcléia. Desde 2017, a FAS recebe recursos da Fundação Coca-Cola, bem como de seu instituto e da Recofarma, fabricante da multinacional no Brasil, com sede em Manaus. Os recursos são utilizados para implementar ações de acesso à água segura em 16 unidades de conservação onde atuam desde 2008.