Argentina homenageará ‘Maestro’ De Vicenzo, um “ícone” centenário do golfe

Em 1967, ele se tornou o primeiro golfista de seu país a ganhar um Major no circuito profissional e, um ano depois, sua honestidade o fez subir aos altares do esporte: Roberto de Vicenzo (1923-2017) completaria 100 anos em abril, e a Argentina está preparando uma grande homenagem naquele que foi seu clube.

Em um país dominado pela adoração ao futebol, outras modalidades esportivas, como o golfe, estão encontrando seu nicho tanto em termos de torcedores quanto de competidores, e não são poucos os que colocam tacos na bagagem e vão a lugares onde podem fazer turismo e ‘putt’.

Também aumenta o número daqueles que aproveitam a realização de um grande evento em qualquer lugar da Argentina para conhecer em profundidade uma região do país, e o golfe não foge desta tendência: em 2022, o melhor destino turístico latino-americano ligado a este esporte, segundo o World Golf Awards, que premia a excelência no setor, foi a Argentina.

Germán Galli, CEO da Golf Play, disse à EFE que esse é o cenário esperado em relação à disputa do Roberto de Vicenzo Memorial 100 Anos, organizado por sua empresa, que é ligada ao PGA Tour Latinoamerica desde 2012, e ao Ranelagh Golf Club, localizado na cidade de Ranelagh, na província de Buenos Aires, a 39 quilômetros da capital, onde o ‘Maestro’ jogou desde o início no esporte profissional.

“Buenos Aires tem uma série de coisas incríveis para fazer, o que é uma vantagem para o torneio, que atrairá muito mais pessoas: dos 100 jogadores estrangeiros, 30% são europeus, 20% são latino-americanos e os demais são dos Estados Unidos”, afirmou.

“ícone a seguir”

 

Entre os torneios que a empresa organiza para o circuito latino-americano, como o Neuquén Classic – em San Martín de los Andes – e o Aberto, em Termas de Río Hondo – escolhido em 2022 como o melhor campo de golfe latino-americano – surgiu a ideia de homenagear o ‘Maestro’ De Vicenzo, cujo centenário de nascimento será comemorado no dia 14 de abril.

Por este motivo, de 20 a 26 de março, 144 jogadores competirão pelo prêmio de US$ 175 mil no Ranelagh Golf Club, intimamente ligada à carreira do jogador de Villa Ballester.

“Roberto sempre foi um ícone a seguir, ele era o ídolo de muitas pessoas, de muitos jogadores…. Ele tem repercussão mundial, já foi além da Argentina”, disse Galli, que lembra que os objetos pessoais da lenda estão no Hall da Fama nos Estados Unidos, o que dá uma ideia do “orgulho” que ele representa para os argentinos.

De Vicenzo venceu o British Open de 1967, superando astros como Jack Nicklaus e Gary Player, e se tornou o único argentino a ganhar o Major. Posteriormente, seu compatriota Angel Cabrera acrescentou mais dois troféus dessa série em solo americano: o US Open (2007) e o Masters de Augusta (2009).

Mas, sem dúvida, o caso mais curioso da vida esportiva de De Vicenzo foi o erro que o impediu de ganhar a jaqueta verde em 1968; na época, ele se tornou um modelo de honestidade.

O parceiro de jogo dele creditou um golpe a mais em seu cartão de pontuação, o que impediu De Vicenzo de entrar na repescagem com Bob Goalby, que acabaria se tornando campeão. Longe de culpar Tommy Aaron, responsável por esse erro, ele simplesmente disse, antes de aceitar sua derrota: “Como sou estúpido”.

“O golfe é um esporte de cavalheirismo, e se há alguém que foi cavalheiro dentro e fora do golfe foi Roberto de Vicenzo”, ressaltou Galli.

Ele resumiu que o argentino sempre foi um modelo para “os jogadores mais jovens”, cujos movimentos de jogo ele corrigia, além de os incentivar a jogar limpo.

De Vicenzo está na história do golfe, não só por ações como esas, mas por uma carreira vitoriosa que inclui vários outros títulos no PGA Tour e no Circuito Sênior.

Memorial

Embora Galli não revele muitos detalhes que, conforme deseja, surpreendam quem comparecer ao Memorial, ele espera que os principais jogadores da turnê possam “se encaixar no horário” para estar em Ranelagh em março.

Ele também espera que este evento se torne uma parada regular no calendário de turismo latino-americano, destacando o retorno em que ele traz para as cidades que organizam torneios em termos de renda direta e indireta dos visitantes e fontes de emprego.

“É isso que queremos almejar e queremos que as pessoas saibam que o turismo e o golfe andam de mãos dadas e que há muitas pessoas que vêm assistir aos torneios e depois viajam por aí”, concluiu.

Concepción M. Moreno.