Cidades amazônicas e o Fonplata – Banco de Desenvolvimento expuseram no último sábado, na cúpula climática da ONU (COP30), em Belém, as melhores práticas para impulsionar a transição para as energias renováveis e destacaram a importância do financiamento.
As 71 ilhas que compõem o município de Abaetetuba, no Pará, não têm rede elétrica, e por isso suas escolas dependem do diesel para alimentar os geradores.
“É caro mantê-los, geram ruído e têm quedas constantes”, afirmou a prefeita Francineti Carvalho durante um evento organizado pelo ICLEI, uma rede internacional de governos locais.
Diante dos desafios de Abaetetuba, o Fonplata aprovou recursos não reembolsáveis de cooperação técnica para apoiar um projeto piloto que consiste em instalar painéis solares em uma das escolas, assim como no edifício da Secretaria de Meio Ambiente.
Com a instalação dos painéis, a prefeitura estima que haverá uma economia de R$ 2.240 por mês na conta de luz da escola, e de cerca de R$ 3.330 no caso da Secretaria.
Além disso, graças à substituição de um combustível altamente poluente como o diesel, as emissões evitadas de CO2 estimadas para os próximos 25 anos atingem 134 toneladas com a soma dos dois projetos.
“Nosso sonho é expandir a iniciativa”, afirmou a prefeita, além de ressaltar que “os rios não podem ser obstáculos ao desenvolvimento de políticas públicas”.
Nesse sentido, ela agradeceu o apoio do Fonplata por facilitar o financiamento, já que a maioria das instituições internacionais tem “exigências altíssimas” às quais municípios pequenos como o dela não têm capacidade para responder.
A vice-presidente para Operações e Países do Fonplata, Eliana Dam, afirmou que financiar o projeto foi uma “experiência fascinante” e que o banco tem interesse em tirar lições de boas práticas dele e “escalá-lo como uma solução inovadora”.
Entre os desafios existentes para financiar iniciativas desse tipo, Dam destacou a necessidade de que elas tenham um “grau de maturidade” suficiente e destacou a disposição do banco em apoiar as autoridades locais.
“Queremos contribuir com capacitação aos municípios”, afirmou, antes de acrescentar que o Fonplata, formado por Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, se esforça para ser o mais “ágil” possível na aprovação de financiamentos.
Além disso, Dam apontou que o apoio inicial do banco pode “abrir a porta” para investimentos do setor privado.
“Queremos trabalhar em conjunto com as comunidades locais para saber como podemos apoiar”, disse.
Também participou do evento a prefeitura de Palmas (TO), que impulsiona há anos as energias renováveis e onde 80% dos edifícios públicos do município obtêm energia de fontes solares, graças à instalação de 8 mil painéis.
“É uma cidade com alto potencial de geração fotovoltaica”, explicou Marcelo da Gama, funcionário da prefeitura.
Além de instalar painéis, o município criou incentivos fiscais para as empresas que participam em qualquer uma das fases da cadeia, desde a fabricação dos componentes a sua instalação.
“Isso cria empregos para a cidade”, declarou Da Gama. EFE