Nova plataforma financeira usa tecnologia para inserir PMEs agrícolas brasileiras no mercado global

Miami (EFE).- Uma nova plataforma financeira, ainda em fase piloto, permitirá que pequenas e médias empresas agrícolas brasileiras se insiram no mercado global de capitais e tenham acesso a melhores oportunidades de financiamento através da utilização de blockchain.

Através do emprego desta tecnologia, que consiste em uma espécie de banco de dados que registra as negociações de ativos digitais, esses agricultores poderão transformar seus produtos em “tokens”, que podem ser armazenados ou trocados por insumos, serviços ou outros ativos.

Esses tokens podem ser negociados de forma online com diversas partes do mundo, fazendo com que as pequenas e médias empresas do setor deixem de estar restritas à estrutura de mercado local para fechar contratos favoráveis, segundo a multinacional Visa, uma das idealizadoras do projeto.

“(A plataforma) é um caso de uso do inicio ao fim, que demonstra principalmente como o financiamento descentralizado pode gerar oportunidades para um grupo muito relevante com necessidades específicas, que são os agricultores nesse caso”, disse em entrevista à Agência EFE a líder de soluções em criptomoedas da Visa para a América Latina e o Caribe, Catalina Tobar.

Uma parceria multisetorial

Esta plataforma, desenvolvida pela companhia americana de pagamentos em parceria com Microsoft, Agrotoken e Sinqia, tem como objetivo empoderar as PMEs do setor, democratizar o comércio agrícola, melhorar as operações atuais de movimentação financeira e sanar as deficiências causadas pela falta de acesso aos serviços tradicionais.

Nesse sentido, a líder global de CBDC (Moedas Digitais de Bancos Centrais) da Visa, Catherine Gu, destacou que as pequenas empresas são essenciais para as economias locais, “especialmente no Brasil, onde empregam mais da metade da população e contribuem com quase um terço do PIB do país”.

“Temos o compromisso de ajudá-las a crescer, explorando novas tecnologias que as capacitem a manter e expandir mais facilmente suas operações comerciais”, acrescentou Gu através de um comunicado.

O projeto foi um dos nove finalistas do último LIFT Challenge, uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, realizado pela Fenasbac, em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB).

O desafio reuniu participantes do mercado interessados em desenvolver produtos minimamente viáveis (MVPs) inovadores baseados em blockchain para o Real Digital, moeda que o BC planeja lançar em 2024.

Interesse preliminar de atores relevantes

De acordo com Tobar, a iniciativa “teve uma resposta muito boa e interesse preliminar de participantes relevantes do setor”.

Ela revelou estão sendo mantidas “conversas abertas” com os bancos centrais de Hong Kong e Singapura, e destacou a importância de o projeto ter sido desenvolvido pensando no futuro Real digital, uma CBDC (Moeda Digital do Banco Central), que será estável e proporcionará confiança por regido pela política monetária do Brasil.

A especialista em criptomoedas também recordou que os bancos centrais de todo o mundo não são estranhos à exploração de moedas digitais e que cerca de 90% deles estão avaliando essa possibilidade ou têm projetos-piloto em fase de testes.

Criptomoedas na América Latina e no Caribe

Uma pesquisa recente da Visa sobre as atitudes dos consumidores e o uso de criptomoedas, realizada com 8.000 participantes em oito mercados diferentes, incluindo dois na América Latina, revelou que 95% têm uma “noção generalizada” dos ativos digitais.

Tobar ressaltou que a pesquisa mostrou que, nos mercados emergentes, o nível de adoção de criptomoedas é mais alto do que nos desenvolvidos, um fato relevante para a América Latina e o Caribe, onde a intervenção de instituições financeiras estabelecidas tem sido, previsivelmente, um fator que contribui para esta tendência.

Outro elemento favorável, segundo ela, é “a busca de alternativas para se proteger contra certas tendências inflacionárias nos mercados locais”. EFE

Discover more from EFE Comunica

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading